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Vitória comemora, afinal, a gloriosa História


Vitória comemora, afinal, a gloriosa História

Crônica sobre o livro “Memórias do E. C. Vitória”. O meu querido Vitória, um dos clubes idealizadores do futebol na Bahia, conquistou o seu primeiro bicampeonato em 1908 e 1909.

Pioneiro, talvez, entre os rubro-negros brasileiros a usar a camisa com listras horizontais, usando só as duas cores, antes, que o Flamengo

Categorias: Colunas

Por: – – ALBINO CASTRO, 13/06/2022

Rafinha, atacante do Vitória na Série C Vitória disputa a Série C. (Foto: Divulgação/ EC Vitória)

Pioneiro, talvez, entre os rubro-negros brasileiros a usar a camisa com listras horizontais, utilizando apenas as duas cores, antes, portanto, que o Flamengo a consagrasse em todo o planeta, o meu querido Vitória, um dos clubes idealizadores do futebol na Bahia, conquistou o seu primeiro bicampeonato em 1908 e 1909. Mas, somente 44 anos mais tarde, em 1953, ao se profissionalizar, ganharia o terceiro título, conduzido pelo técnico argentino Carlos Volante (1910 – 1987), hábil estrategista, tendo como centroavante o paraense Quarentinha (1933 – 1996), inaugurando, assim, uma década que qualifico de ouro para os Leões da Barra. Foram os anos de minha infância e quando me tornei rubro-negro. Dois anos depois, em 1955, ainda sob o comando de Volante, voltaria a ser campeão – repetindo o feito em 1957, porém, sem Volante, mas com ataque avassalador, no qual se destacavam o baiano Teotônio e o carioca Mattos. Os anos 1950 catapultaram o Vitória para se tornar a segunda maior torcida do Estado – ao superar o popular Ypiranga, então chamado de o ‘Mais Querido’. E agora, 123 anos depois de sua fundação, ganha, finalmente, uma substanciosa obra, digna de sua trajetória, que acaba de chegar às livrarias: “Memórias do Esporte Clube Vitória”, escrita a oito mãos, ao longo dos últimos 12 anos, por Tiago Bittencourt, Milton Filho, Allan Correia e Lucas Gramacho. É um lançamento da Editora Máquina de Livros. Compreende um total de 40 entrevistas – através das quais os autores acabam por reconstituir, com raro brilho, as diferentes narrativas históricas.

Tive o privilégio de ser um dos entrevistados – respondendo, naturalmente, sobre os anos em que o meu saudoso pai, Albino Castro (1926 – 1970), de quem, com muita honra, herdei o nome e o sobrenome, esteve, durante os anos 1962 a 1971, como dirigente do clube. Primeiro como Diretor de Futebol, depois, Vice-Presidente, e, por último, Presidente. Ele era um baiano de coração, porém, nascido do outro lado do Atlântico, ao Norte da Espanha, na província galega de Pontevedra – e me fez adepto do Vitória. Assim como aos meus irmãos Orlando, Carmen e Luis. Vários craques, sobretudo nos últimos 50 anos, aparecem na obra. Inclusive um de meus ídolos na infância, Mattos, grafado, corretamente, com dois tês, que acabaria, para minha tristeza, se transferindo, em 1961, para o Bahia.

Lá estão sabatinados, também, o  supercraque sérvio Petkovic, contratado ao Real Madrid, bem como estrelas nacionais como David Luís, Arturzinho, André Catimba, Edílson e Bebeto. Também foram ouvidos nomes do mundo das artes, entre os quais, Paulinho Boca de Cantor, do grupo Novos Baianos, e Wagner Moura.

Carneiro 005 ori e1655158647785Paulo Carneiro: Um Revolucionário

REVOLUÇÃO COM CARNEIRO

A mais completa das entrevistas, na minha opinião, foi realizada com o ex-presidente Paulo Carneiro, que revolucionou a agremiação, entre 1991 e 2005, vencendo por 10 vezes o Campeonato Baiano. Ele é filho do atacante português Rui Carneiro, um centroavante que atuou nos anos 1940 pelo Vitória e acabaria por se tornar dirigente do clube. Paulo Carneiro conta com detalhes a sua briga com o ex-presidente Francisco Ney Ferreira (1929 – 2011) e torna o depoimento imprescindível para quem pesquisar, no futuro, a vida do rubro-negro soteropolitano. 

É uma obra, sem dúvida, de muito fôlego. Faltou apenas, digamos, uma referência a um dos mais brilhantes intelectuais de nossa esquerda – e torcedor do Vitória. Trata-se do baiano Armênio Guedes (1918 – 2015), dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB), conterrâneo e contemporâneo do escritor Jorge Amado, ilustríssimo ypiranguense. Guedes era jornalista de ofício. Passou boa parte da vida amargando a clandestinidade e o exílio. E, ao encontrar um baiano, em Moscou, Paris ou no Rio de Janeiro, perguntava, de bate-pronto:

“Como vai o meu Vitória?” Guedes ficaria orgulhoso, seguramente, com o livro escrito pelos quatro jovens rubro-negros. 

ALBINO CASTROCastro foi para a Europa como correspondente de O Globo e Jornal do Brasil e onde morou por 8 anos.Voltou ao Brasil e foi diretor de jornalismo do SBT. Foi ele quem trouxe para a TV, Boris Casoy, o primeiro ancora do jornal das 20 horas. Antes, os apresentadores, como Cid Moreira e Sérgio Champellin, apenas liam notíciais. Casoy, lia e as comentava. Seus bordões como “É preciso passar o Brasil a limpo” ficaram famosos.Castro Filho também dirigiu por anos o jornalismo da TV Gazeta e por breve período o da TV Cultura SP.É um colaborador bissexto do Futebol Interior.

      

Fonte: www.futebolinterior.com.br/vitoria-comemora-afinal-a-gloriosa-historia